Correspondência E. D. Wermelinger Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz. Rua Leopoldo Bulhões 1480, Rio de Janeiro, RJ 21041-210, Brasil. [email protected] A complexidade urbana presente nas… Click to show full abstract
Correspondência E. D. Wermelinger Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz. Rua Leopoldo Bulhões 1480, Rio de Janeiro, RJ 21041-210, Brasil. [email protected] A complexidade urbana presente nas grandes cidades brasileiras tem favorecido a proliferação de vetores de arboviroses, deixando a população vulnerável à circulação simultânea de vários arbovírus. Em grande parte, essa complexidade foi construída por amplos territórios historicamente ocupados desordenadamente por comunidades socialmente vulneráveis, com frequência inseridas em um cotidiano de violação de direitos. Na ausência de vacinas para a maioria dos arbovírus atualmente circulando no meio urbano brasileiro, a profilaxia depende, em grande medida, do controle dos vetores urbanos, com especial destaque para o Aedes aegypti. O histórico de resultados profiláticos insuficientes desde o século passado para a profilaxia da dengue com as usuais estratégias de controle de vetores, muito dependentes dos paliativos inseticidas, propiciaram, na segunda década desse século, a recirculação do vírus da febre amarela e a importação de novos vírus para o Brasil, como a Zika e Chikungunya 1,2,3,4. Diante da vulnerabilidade para a circulação de arbovírus no meio urbano brasileiro e da ausência de medidas profiláticas eficazes no combate aos vetores, é real o risco da transmissão de outros arbovírus como o Mayaro e o vírus do Nilo Ocidental 5,6,7. Por outro lado, os métodos alternativos propostos para o controle dos vetores urbanos, com destaque para as liberações de mosquitos modificados geneticamente ou infectados com a Wolbachia, ainda não ofereceram resultados profiláticos desejados, sobretudo nos amplos e densamente populosos territórios endêmicos das cidades brasileiras. O sistema de crenças presente no paradigma que orienta as ações de controle de vetores sofreu forte influência com o advento dos inseticidas organossintéticos, inaugurados com o DDT na década de 1940. A partir do DDT, o paradigma se consolidou dentro de uma forte concepção tecnicista em que o resultado causal para a solução no controle de insetos vetores pode ser alcançado com o uso de tecnologias representadas nos modernos inseticidas. Essa crença se manteve mesmo após os problemas advindos do uso continuado e indiscriminado desses inseticidas, como a resistência dos insetos alvo, a contaminação do meio ambiente e a toxicidade acumulativa na cadeia trófica. Como resposta, foram desenvolvidos novos inseticidas, com novas classes de produtos ativos, menos tóxicos, como organofosforados (p.ex.: temefós) e piretróides (p.ex.: cipermetrina). A partir da década de 1970, foi elaborado o conceito de Manejo Integrado de Pragas ou Controle Integrado de Vetores, aperfeiçoando o paradigma tecnicista ao preconizar a utilização simultânea de outras tecnologias para mitigar a dependência dos inseticidas químicos e obter um controle mais racional, eficaz, menos
               
Click one of the above tabs to view related content.